sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

"Solilóquios carecas"


"Caraças de cabelo o meu
Que raio de pelo
Valia mais tapá-lo
Disse-me eu
Valia mais cortá-lo
Disse-me ele
(o meu cabelo, claro)
Cortei-o
À escovinha
Nem a largura de um dedo
Soldado raso, parecia eu
Choveu
Deu um frio danado
A falta que me fazia o marafado
Nem penses que eu não cresço
Nem um dedo
Dizia-me ele
(o meu cabelo, pois)
Hoje decidi-me
De hoje e para todo o sempre
De hoje até à eternidade
Depois que desapareçam as estrelas
Depois que sejam só buracos negros
Anãs brancas
Dessas coisas estranhas
Hoje mesmo, tapo-o
Arrumo este malvado
Compro um monte de chápéus
Com abas
Com fitas de cores
Toucas
Boinas
Bonés à Corto Maltese
Cofiós dos negros
Fofos em palhinhas finas
Cinzentos, azuis
Vermelhos, pretos
E verdes
Chapéus verde alface com plumas
Sim, cabelo meu
Fica sabendo
De hoje para a frente
Nem um pelo deixo ver-te
Ficas tão airosa de chapéu
Disse-me ele
(o meu cabelo,
quem havera de sê-lo?!)"
.
(o cabelo é meu, o poema, da Fátima)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Do Carvalhino


(os cogumelos)




(e as flores)



domingo, 22 de fevereiro de 2009

sábado, 21 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lógica


(se o batente não cabe na porta, a porta ajusta-se ao batente)
.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Batente (II)

(Mãos de Ftama?
Vizinhas, frente a frente numa mesma rua)
.
.
Tocar à porta do vizinho, era pegar nesta mão.
A batida ressoava por todo o interior da casa, levada em eco pelo maçico da porta.
Antes da invenção das "campainhas".

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Tempo

"Eu queria ter o tempo


e o sossego suficientes


Para não pensar em coisa nenhuma,


Para nem me sentir viver,


Para só saber de mim nos olhos dos outros,



refletido."

Alberto Caeiro, em "Poemas Inconjuntos"

Este post faz parte da Tertúlia Virtual organizada

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Arrumações

(o sotão, a mesa de luz e o cavalete)

Oskar Kokoschka

"riscou" assim

os AMANTES

(ele e Alma Maller)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Coisas do mar

(viajou do Brasil,recolhido à beira mar de um qualquer areal;)




(habita na minha casa como uma preciosidade,
e cabe na palma fechada da minha mão)