domingo, 29 de novembro de 2009

Onde estou


10 palmeiras.
 3 candeeiros de rua.
 3 bancos de pedra.
 3 buganvílias: vermelha, amarela e branca.
Uns cactos, um cubo.
 Muito vento. Muita alma de gente.
E uma nesga de azul ao fundo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tinta da china


Detalhe deste borrão.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pinceladas



O resultado final está aqui.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Feira franca de Lagos

"Da infância, lembro-me do casaco de fazenda e o cachecol. A mãe a vestir-me com cuidado, a artilhar-me com tudo e mais as botas, que chovia sempre. Prendia-me a ela com mão forte para que eu não mexesse em nada indevido. O primeiro cheiro era sempre a mistura da batata doce com polvo assado e castanhas. Depois os brinquedos. Os alguidares de barro, mais os fogareiros e mealheiros. Os tachinhos de alumínio, panelas, fervedores de leite e afins, todos pequeninos. Mesas e cadeiras de madeira com cores doces. De lata, o fogão com forno ou não, a tábua de passar e o ferro, a máquina de costura. Tendas iluminadas por candeeiros a petróleo. E eles sempre a chamar por mim. E ela sempre a me puxar. Sem nunca largar. O carrossel era a etapa final. Só me soltava a mão no momento exacto em que me sentava no banco. E eu que sonhava tanto ir no cavalo…"


O colar de bolotas, o saco de pinhões e o torrão de alicante.
(Hoje só vi o torrão de alicante)


sábado, 21 de novembro de 2009


A casa do vizinho

Um recanto do meu quintal


Neste dia a minha mãe aproveitou para britar umas azeitonas. Diz ela que não há nada melhor que a água da chuva para as adoçar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PINCÉL



O "Pincél" chegou a casa no dia 6, vindo do canil.
O amigo especial que a minha filha há tanto tempo pedia.

domingo, 15 de novembro de 2009


Já estão arrumados. Esperam-me .

sábado, 14 de novembro de 2009

"THESE ARE THE DAYS OF OUR LIVES"


Chamaram-nos às duas para o corredor de dentro. Uma imensidão de branco com portas fechadas e muitas cadeiras alinhadas. Olhei-a rapidamente. Grande, gorda, de farta cabeleira ruiva (que nem todas se habituam a exibir a careca). Cara conhecida do piso de cima. Bom aspecto, devo dizer. Nem pálida nem roxa. Nem olhos fundos. Nem baços de tortura. E pestanas das verdadeiras. Brincos, colar e pulseiras. Não esqueceu o risco a lápis negro no sobrolho, nem o batom vermelho nas linhas finas dos lábios. Naquele vazio todo, sentou-se ao meu lado. Óbvio. Só nós duas naquele mar branco com cheiro a éter. Suspiros desmaiados e um vaivém de mãos em dedos rechonchudos com muitos anéis a segurarem a mala que teimava em escorregar pelo colo. Suspirava muito. Quase sem parar. Espreitava-me entre cada suspirar. Arfavam-lhe os implantes. Meteu conversa para queimar a espera, pois claro...

Que ela estava ali por questões gravíssimas. Que sofria de um mal “do pior que há”. Que a agonia de quem quer que fosse nunca se  compararia à sua própria agonia. Que o problema dela era dos maiores do mundo. Que eu não imaginava sequer e era melhor nem querer saber do “disto” que ela sofria. “Como se eu lhe tivesse perguntado alguma coisa…” Hum… “Conheço-a lá de cima.” Esticou-se na cadeira, agigantou-se de braços trancados sob as hipotéticas mamas e olhou-me num semi-cerrar de olhos cheios de desdém lá bem do alto do postiço encarnado. Desculpou-se por não se lembrar de mim, e continuou. Que eu era nova demais e não sabia nada disto, que ela andava nisto já para mais de 15 anos, que lhe foi na barriga e depois no peito.”Ou no peito 1º depois na barriga?!” E dos sítios por onde andou quando isto lhe aconteceu e da vida e do marido e dos filhos e que seguramente íamos todas morrer disto. Ela, caso mais grave que todas, 1º que todas. Inclinou sobre mim o postiço, segurou-me o braço indevido pelo cotovelo, fitou-me num olhar muito pequenino e disse-me baixinho, confidencial: -” Desculpe, eu não quero desanimar ninguém mas morremos disto, lhe digo. Eu então, ainda vou 1º que todas!” E suspirou outra vez…
”Sobrevivente há 15 anos e ainda se queixa?! Mas de que raio quer ela morrer?!”
O médico chamou e entrei antes dela. Que isto também tem inscrição e não me apeteceu ser simpática. O ECODOPLER disse que o coração trabalha nos níveis toleráveis. Era tudo o que queria saber. Nem a olhei quando saí, na pressa de chegar à rua.
- “Morra você disto se quiser! A mim, ainda não me apetece.!”- fui resmungando durante uns minutos.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

BLOGGINCANA- HASALIAH

Voar sem asas, diz ela!
Um mundo de sensibilidade visual, foi o que encontrei. Mais do que as palavras,  cativaram-me  as imagens:



 esta mão de "sonho"...


 esta escadaria de ""...


esta estante de "uma carta que perdi"...


Hasaliah voa  nas imagens. De vez em quando vou lá pousar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um volto já



Às vezes acontece-me este vazio enorme. Nada de inspiração. Nem pouca nem muita. Nenhuma. E um cansaço muito grande de tudo e de nada. Ando experimentando novos visuais no blogue numa tentativa de mudança. Talvez mudando me venham ideias novas e mais interessantes. Entretanto arrumo a casa. Mudo móveis de sítio e tiro o pó das estantes. Alinho lombadas de livros e reparto meticulosamente os meus pincéis por vários frasquinhos de vidro. Separo-os consoante as espessuras ou simplesmente pela forma como se encaixam nos meus dedos. Pode ser que ao segurá-los me surja a ideia do risco.Entretanto peço desculpa aos que me visitam. Isto passa. Por enquanto só me apetece uma folha em branco e pasmar-me nela.